sábado, 4 de setembro de 2010

Trilha Inca - 2º Dia


2º Dia
Na minha opinião, o segundo dia mais importante. É hoje que atingimos o ponto mais alto. 2.415 metros de altitude, numa subida ininterrupta de 5km! Acordamos as 5:40 com os carregadores batendo em nossas barracas: Amigo, mate coca. Meio zonzo e ainda com muito frio, abri a barraca e tomei um gole do chá, que desceu redondo por sinal. Nosso amigo que tinha passado mal no dia anterior achou prudente não continuar. Conseguimos um cavalo e um morador, que o levou de volta para o início e de lá ele seguiria para o vilarejo. Nos encontraríamos em Machu Picchu. Esperando que a volta dele fosse segura e tranquila, a saída demorou uma hora. Saímos meio afoitos e de estômago cheio, o que causou grande desconforto. Após uma hora e meia de caminhada, avistamos a placa de 5km, ou seja, a subida começaria agora. Tomei um gel, um gole d'agua, comi um club social e bora morro arriba. Paramos num posto de pesagem onde pude constatar que minha mochila estava "acima do peso", pra mim, claro. Mas tudo bem, queria fazer tudo do jeito mais rústico e primata possível. A paisagem começa a mudar bruscamente. Muito verde, riachos, enormes árvores e também agora alguns turistas. Depois de horas paramos paramos para o almoço. Num lugar maravilhoso, as margens de um córrego com água a temperatura "desinflama tendão" rs. Ufa, enfim, descansar um pouco. Estava cansado. Pra variar, foi um belo almoço. A nossa frente uma imensa montanha com o pico nevado. Comentei sobre como era alta e linda. E sabem o que mais, estar a frente dela era como se ouvíssemos de alguém: "Ponha-se em seu devido lugar, sua coisinha"! Erámos insignificantes perante a ela. Depois de almoçar, molhar os pés e descansar um pouco, seguimos. Rumo a "Passagem da Mulher Morta", o imponente 4000m. Mais algumas horas subindo e subindo. Parava para respirar, contemplava a paisagem, pensava em como era bom estar ali e o quão feliz estava. Avistei, depois de uma curva, uma imensa parede, e bem lá em cima algumas pessoas. Não acreditei, estava chegando. Respirei fundo e marchei ao topo. Não queria parar mais. Como dizem os alpinistas, o "ataque ao cume" vai ser fulminante. E em torno das 15:30 horas atingi os 4.215m. Euforia, alegria, cansaço, dor...era tudo junto. Fiquei um tempão lá, curtindo e esperando o restante do grupo. Fui o segundo a chegar. O vento era congelante e muito forte. Não podíamos ficar muito tempo, tínhamos que iniciar a descida, que era tão difícil quanto subir. Os joelhos agradecem. Enquanto descia, encontramos um senhor, bem velhinho que fazia o caminho inverso. Parei de pensar em dor depois de conhecê-lo. Ele disse estar com fome e que não tinha nada para comer. Demos quase tudo que tínhamos. Agradeceu sorridente e seguiu solitário. Bravo senhor! Uma parte do grupo foi ficando e outra seguindo com mais rapidez. Fiquei entre os dois grupos. Aí, numa tentativa estúpida de querer alcançar o primeiro grupo, que na verdade eram somente duas pessoas, torci meu pé com os 10kg nas costas. Tive que parar e esperar um bom tempo, até que os que estavam atrás me alcançaram. Fiquei com medo, pois era somente o 2º dia ainda. Depois de longos minutos chegamos ao acampamento. Tomei um comprimido de nimesulida e torci, dessa vez no melhor sentido, que amanhecesse bem e pudesse continuar. Pelo menos a dor de garganta sei que passaria.

Distancia percorrida: aproximadamente 11km
Acampamento: 3500m


Detalhe: Na última subida, para alcançar o cume, percorri em torno de 400m. Levei quase duas horas e meia. Comentei ao Ruben, que em minha cidade, ja tinha percorrido a mesma distância, só que correndo, em 1'11"...rss Pra vocês terem uma idéia do que era aquilo. Vista do cume


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