segunda-feira, 18 de julho de 2011

Back to the Mountain




Há exatamente um ano eu desembarcava em La Paz para realizar um sonho antigo. Percorrer algumas cidades da Bolívia e Peru para depois enfrentar a clássica Trilha Inca que leva a cidadela de Machu Picchu.

E para comemorar esse aniversário, nada melhor que voltar à natureza. Ontem depois de muitos anos estive de volta ao Pico dos Marins. Um maciço de rocha de 2.420m. O maior do estado de SP.



Mas devido alguns imprevistos que ocasionou num atraso desnecessário, o cume ficou para a próxima, já que o tempo estava fechando e encarar a volta em plena escuridão seria um risco ainda mais desnecessário. Cheguei perto, e a apenas 120m do cume o bom senso optou por abortar a missão.




Parece pouco, mas num lugar como esse, não é! Aliás, quando estive na Trilha Inca, demoramos horas para avançar 400m. Comentei com o guia que eu já havia feito essa mesma distância correndo em 1'07". Lá em cima é outro papo!



Esse montante de rocha foi escalado pela primeira vez em 1911 e sua dificuldade técnica é considerada "level hard".







Aconteceram no local muitos fatos curiosos e trágicos. O mais famoso deles é do garoto Marco Aurélio(15), um escoteiro que desapareceu misteriosamente numa expedição em 1985 quando foi incumbido de descer ao acampamento base para buscar ajuda, pois um dos integrantes de seu grupo havia se machucado. O caso mobilizou 300 homens e foi a 3ª maior busca da América Latina. Até hoje seu paradeiro é um mistério e várias hipótoses foram levantadas, inclusive a de abdução...(sic). Existem dois livros sobre o caso.




A escalaminhada começa dentro da mata fechada e conforme vamos subindo, ela vai sendo substituída por rochas, embora o verde esteja sempre presente.
Como disse, cheguei perto do cume mas não pude avançar, de qualquer forma valeu a pena estar lá de novo e foi uma ótima forma de comemorar esse "aniversário".



sexta-feira, 1 de julho de 2011

O triathlon mais difícil de todos os tempos

Passou completamente despercebida da mídia brasileira uma das maiores façanhas de todos os tempos. Fez cume no Everest, juntamente com os brasileiros Carlos Eduardo Canellas e Carlos Eduardo Santalena, um alpinista norte-americano.
Por Rodrigo Granzotto Peron

Trata-se de Charles (Charlie) Wittmack, nascido em 1977 na cidade de Ames, no estado de Iowa, Estados Unidos da América. Este foi seu segundo cume no Everest. Anteriormente Charlie havia pisado no topo em 2003.

Mas a façanha não se resumiu meramente a fazer cume. O Everest foi apenas o final de uma jornada dificílima iniciada onze meses antes, na Inglaterra.

O norte-americano impôs a si mesmo o “The World Tri”, o triatlo mais difícil e pesado de todos os tempos, definido pela BBC de Londres como “o desafio de resistência mais difícil já concebido pelo homem”.

Primeira Etapa – Natação

A aventura começou em 29 de Junho de 2010, na nascente do Rio Tamisa, que fica nos arredores da Vila de Kemble, no condado de Gloucestershire, Inglaterra. De lá até a foz, o Tamisa percorre 346 quilômetros, atravessando Oxford, Reading e Londres, até desaguar no Mar do Norte. Charles enfrentou as águas geladas do rio em etapas de 5 a 8 horas de nado por dia. Após um mês chegou à difícil travessia da Área Metropolitana de Londres, um trecho de 20 quilômetros traiçoeiro, por conta do grande tráfego de embarcações e navios, bem como pela poluição. Esse trecho foi evitado pelo triatleta, que preferiu não arriscar e atravessou o trecho à pé. Passada Londres, voltou a mergulhar no rio e nadar até a foz.

No dia 8 de Agosto de 2010, chegou ao Mar do Norte. Margeou a costa britânica até o estreito que separa a Inglaterra da França, um trecho de mar de quase 55 quilômetros, com muitas correntes fortes, desviando de locais minados e levando, como conta com bom humor o nadador, dez ferroadas de águas-vivas, além de ter sido internado por ter ingerido algum tipo de verme. O derradeiro trecho de nado foi a travessia do Canal da Mancha, com 44 quilômetros de extensão, com águas muito geladas, bem traiçoeiro, somente conquistado raras vezes. Após 12 horas e 27 minutos, ele aportou na França, concluindo os 441 quilômetros de natação.

Segunda Etapa – Ciclismo

No dia 11 de Agosto de 2010, ele partiu de bike de Cap Gris Nez (França), em direção a Bruges (Bélgica). Sucessivamente passou pela Holanda, Alemanha, República Tcheca, Polônia, Ucrânia, Rússia, Kazaquistão e Quirguízia. A Quirguízia foi alcançada em 1º de novembro de 2010, quando Charlie apresentou problemas de saúde e teve que ser evacuado para os Estados Unidos, para exames e tratamento.

Recuperado dos problemas de saúde ele voou para a Quirguízia, e retomou sua aventura em pleno inverno, a 30 de Janeiro de 2011. Em fevereiro entrou na China (Tibete), e em março chegou no Nepal.

Nessa segunda etapa, ele percorreu 13.000 km de bicicleta, por 12 países, ao longo de sete meses.

Terceira Etapa – Escalada

A terceira, e última etapa, desse dificílimo triatlo consistiu na escalada do Everest. Utilizando oxigênio engarrafado, mas sem a ajuda de nenhum sherpa ou carregador, Wittmack se instalou no campo-base, se aclimatou, e escalou a montanha até chegar ao cume no dia 6 de Maio de 2011, concluindo a façanha mais incrível já registrada.

Me vem à memória, com clareza, aventura levada a cabo, em 1996, pelo sueco Goran Kropp, quando ele saiu da Suécia de bicicleta, percorreu 11.000 quilômetros em 7 meses e escalou o Everest. Mas a realização de Wittmack é ainda mais impressionante, pois além de ter pedalado 2.000 quilômetros a mais, enfrentou também 441 quilômetros a nado, o que adicionou mais complexidade ao feito.

Para quem quiser ler com riqueza de detalhes – e muitas fotos – a realização do triatlo mais difícil de todos os tempos, a narrativa está no blog do triatleta: www.theworldtri.com/category/blog