sábado, 11 de dezembro de 2010

Perdas e danos..............

Está quase no fim. Alguns dos principais compromissos já foram, e até agora ocorreu tudo bem. Estudei muito, toquei muito, treinei pouco e competi menos ainda, esse é o resumo do segundo semestre pra mim.

Dia 17 de Dezembro correrei uma prova qual gosto muito, a última do ano por sinal. A prova pedestre da cidade de Aparecida. Uma prova de 10km a noite, cheia de subidas, longas subidas, viadutos para subir e descer, mas por ser a noite costuma ser bem rápida.

Mas mudando de assunto. Esse ano foi marcado por algumas perdas. Umas próximas, outras nem tanto, mas todas de enorme relevância para o meio musical.

Eis algumas delas:

Henrique Pinto - Violonista
"Papa" do violão no Brasil. Quase todos se não todos os violonistas com idade em torno de 40 anos foram seus alunos.



“Este é o Annus Horribilis do violão. Não consigo nem manifestar o que estou sentindo, está passando um filme em replay na minha cabeça. Eu conhecia o Henrique desde 1982, estudei com ele e, sem contar todo o ensino, foi das pessoas que mais me puseram pilha para levar o violão a fundo. Quem foi seu aluno sabe, sem interferir de forma ostensiva na vida de seus alunos ele dava conselhos que só um pai muito desvelado e sábio poderia dar. Tinha respeito por gente que tinha 1/4 da idade dele. E foi, sem sombra de dúvida, a figura mais influente do violão clássico no Brasil nos últimos 40 anos. Se o Brasil toca violão desse jeito, deve muito ao Henrique. Que desolação, ficamos todos órfãos.”

(Fábio Zanon) - Um de seus famosos discípulos.


Eduardo Tagliatti - Pianista


Essa foi uma das mais inacreditáveis para mim. Até agora não consegui acreditar. Estou triste, pasmo e puto ao mesmo tempo! Conheci esse cara em 2000 no Festival de Juiz Fora. Lembro-me de como fiquei impressionado com a facilidade técnica, conhecimento e cultura não só musical, mas artística daquele menino, entao com 17 anos. Sem falar de sua leitura a primeira vista, praticamente instantânea, super sônica!
Neste ano ele completaria 28 anos!!!!!!!!!

Estou puto! E vou dizer porque.
Conheço um cara que já foi preso inúmeras vezes. Na cadeia foi torturado, virou mulherzinha, fugiu, foi preso de novo, tomou tiro lá dentro....etc etc etc. Num acerto de contas com outros vagabundos levou vários tiros a queima roupa.
Detalhe: o cara não morre!!!!
Os pais são gente da melhor qualidade, não sabem mais o que fazer.

Pois bem, o grande Eduardo Tagliatti se foi. NÃO É JUSTO!


Almeida Prado - Compositor - José Antônio Rezende de Almeida Prado (Santos, 8 de fevereiro de 1943 — São Paulo, 21 de novembro de 2010) foi um compositor e pianista brasileiro, membro da Academia Brasileira de Música sendo considerado um dos maiores expoentes da música erudita no Brasil.
Estudou no Brasil com Dinorah de Carvalho(piano), Osvaldo Lacerda (harmonia) e Camargo Guarnieri (composição).
Na Europa estudou com Nadia Boulanger e Olivier Messiaen em Paris entre 1970 e 1973, além de uma breve permanência em Darmstadt para estudar com György Ligeti e Lukas Foss.
Em janeiro de 2007, estreou no Carnegie Hall a sua peça "Hiléia, Um Mural da Amazônia", uma cantata para baixo e orquestra, inspirada no poema homônimo de Ives Gandra Martins, com a "Orquestra Bachiana Filarmônica" de São Paulo regida pelo maestro brasileiro João Carlos Martins.



O compositor e pianista faleceu na manhã de 21 de novembro de 2010 aos 67 anos de idade.


George Kiszely - Violista



Nascido na Hungria, veio jovem ao Brasil e por aqui ficou. Tocou em orquestras por todo o Brasil, trabalhou com famosos regentes e lecionou na Escola Municipal de São Paulo. Foi integrante dos quartetos oficiais da cidade de São Paulo e Rio de Janeiro.

Passou seus últimos anos lecionando na Escola Municipal de Artes Maestro Fêgo Camargo, em Taubaté. Tinha uma vida artística muito ativa, nao deixou de lecionar e se apresentar mesmo quando problemas de saúde o acometeram. Era também dono do cargo de 1º violino no Quinteto de Cordas da cidade.
Dono de uma memória invejável, sempre nos contava de seus concertos na década de 60 ou 70. Lembrava de tudo: quem era o regente, o programa, o solista ou algum fato curioso ocorrido. Que inveja!!!!
Gravou muito, sua discografia de musica brasileira, principalmente, é grande.

Lembro-me com muito carinho de seus conselhos, nossas conversas e suas histórias. Sempre que eu me apresentava, ele estava sempre presente. Aliás, em meu último recital ele foi o primeiro a chegar. Ficou lá, na primeira cadeira, me ouvindo praticar, dando aquela última passada. Enquanto todos lá fora aguardavam.
Em 2004, em outro recital, toquei num piano de armário (aqueles verticais). Ao final, ele me abraçou, pôs a mão em meu rosto e disse, com aquele sotaque ainda carregado: "Filho, vocês fez milagre nesse pianinho de merda".

Deixou uma filha e sua esposa, minha colega Professora Yara.

Obrigado Professor George, fique com Deus, mestre.

5 comentários:

  1. Afffe, Rodrigo. Vamos escrever um postzinho maias alegre antes do fim do ano, por favor. Tudo bem, valeu por homenagear as pessoas. Mas chega, né?
    bjs saudosos

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  2. Oi Clau! Tudo bem, mas tomara que não morra mais ninguem até esse resto de ano....rs. Chega né!?
    Vamos combinar algumas provas e treinos pra ano que vem?
    Beijão...saudades tbm.

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  3. Quando morre uma pessoa como o George, é o mesmo que botar fogo em uma biblioteca inteira de uma só vez!

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  4. Nossa Rodrigo!! Não fiquei sabendo!!! A última vez que o vi.. foi muito rapidamente no cardiocentro.. poxa vida!! Meus pêsames para Yara e filha. :(

    Bjos!

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  5. Pois é Silu. Uma perda sem tamanhos, como disse o Daniel aí em cima: " Foi como botar fogo numa biblioteca inteira".
    Bjo

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