Mãe, por que a gente só toca música de gente morta ???

Pode parecer brincadeira mas ja fizeram essa pergunta, foi depois de um recital. Claro que só poderia vir da sinceridade e espontaneidade de uma criança. E o pior, o compositor estava vivo, e piooor, estava na frente dela...A mãe quase morreu de vergonha.

De certa forma é até pertinente essa pergunta.
Jovens compositores vivem nos indagando sobre isso. Por que não tocar música contemporânea?
Por que as mesmas sonatas de Beethoven?
Por que os mesmos noturnos de Chopin?
Por que sempre Bach, Mozart??? Por que? Por que?

Porque sim, ué!!!
Por mais que saibamos da importância e dificuldade de se fazer música moderna, convenhamos que é muito difícil para um ouvido tonal assimilar sonoridades e aspectos tão peculiares e particulares.

Vivemos no século XXI, portanto, se faz música para o século XXI. Fato é que a maioria dos estudantes, profissionais e principalmente meros apreciadores informais ainda não conseguem admitir certos "erros" na sonoridade. Esta, que outrora parecia tão familiar, que dava aquela sensação de: já ouvi isso antes. Mesmo sem nunca ter ouvido a mesma. Uma sonoridade tão agradável que era capaz de acalmar uma criança, curar distúrbios ou fazer com que flores numa estufa florescessem mais rapidamente. Onde foi parar???

Então porque não aprender a ouvir? Desmistificar esses "erros" de som e começar a curtir algumas coisas.
A variedade é grande. Tem desde o dodecafonismo de Schönberg, passando pelo serialismo de Webern ao experimentalismo de Stockhausen e Cage.

Para não assustá-los, vou começar devagar, dando exemplo aos poucos. Aí vocês tiram suas próprias conclusões com relação a escolha de sempre fazer o mesmo repertório.

Essa é uma peça de Stockhausen com o grande Pollini.


Um abraço e boa audição à todos.